quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Capítulo 4 – O plano perfeito

Depois de toda aquela luta dos Tremere, em que eu subi duas gerações, por fazer a Diablerie.
 Lutei com o sono, ouvindo: “Eyes on Fire” do “Blue Foudation”. Até que finalmente consegui “dormir”. Um sono forçado. Eu ainda estava lúcida, nem havia colocado um pé para fora do meu corpo.
 Comecei a ouvir risadas passando por trás de mim. Afundei a cabeça no travesseiro, com medo. Por mais que eu pertencesse às trevas, eu tinha medo do que eu não podia controlar. A risada chegou mais perto. Fechei os olhos e fingi que não ouvia. O terror me subiu dos pés a cabeça. De repente senti um peso em cima de mim. Parecia um corpo. Abaixou-se até meus ouvidos e deu um grito abafado. Como se alguém não deixasse gritar.
 Sitael apareceu, abriu a porta correndo. Pegou-me e me enlaçou em seus braços, e como um escudo, senti que algo bateu contra nós. Se não fosse pelo escudo angelical de Sitael, seria algo pior.
_Você está bem?! – Disse ele, colocando as duas mãos em meu rosto e obrigando-me a olhar em seu rosto, retribuindo com o olhar suplicante.
_Acho que estou... O que era aquilo?! – Perguntei. – Nem se quer abri meus olhos. Não vi o que era...
 Ele me abraçou, seu coração batia desesperadamente, pelo susto do ocorrido momentos antes.
                                             ***
 Aquilo tudo que estava acontecendo, estava mexendo... Revirando os arquivos da minha cabeça. Ok. Meus pensamentos.
 Era tudo muito fora, do meu campo de visão. Eu sabia muita coisa, mas eu era apenas uma vampira, que até pouco tempo, não sabia que era uma Nefilim. Uma vida super divertida.
 Zarah e Sitael foram visitar meu quarto e pegar alguns livros para suas pesquisas. Minha micro biblioteca - que ficava no meu armário – estava sendo muito visitada por nós três ultimamente.
 Lá fora, uma forte tempestade impôs as pessoas que fossem para suas casas, por que o parque este fim de semana... Sem chances! O frio predominava, e anunciava a chegada do inverno. Minha estação favorita.
 Agora eu sabia que precisava de uma defesa e de um ataque bem mais poderosos. Hm... Vamos pensar. Eu já tinha quebrado dois dos dez mandamentos. “Não matarás” (Nada a declarar). “Não furtarás” (Sobre isso também não). Voltando a arma... Uma espada seria perfeita.
 Uma das vezes de quando desapareci, Zarah me levou ao clã dos Assamitas – um bando de assassinos, se passando por rebelde – e vi a espada dos Deuses não mortos. Usada apenas e ocasiões extremamente especiais. Cobiçada por muitos pertencentes à Camarilla e do Sabbat e essa poderia ser uma defesa muito boa, para mim e para Sitael.
 Levantei e fui até a janela, fiquei olhando o bosque que cercava o abrigo. Era bonito. Eu ajudava a cuidar, quando eu queria. Plantei minhas flores favoritas: Tulipas vermelhas e amarelas, girassóis e rosas brancas e vermelhas.
 Elas cresceram bastante, mas suas pétalas já começavam a cair. Eu via semelhanças entre eu e elas. Já fomos belas e cheias de vida, e no auge de suas vidas, o inverno chega, nos destruindo pouco a pouco. Só que eu, fiquei presa a este corpo de cadáver. Eu sentia, eu chorava, eu dormia... Mas não era mais humana.
 Evoluir... Sem chances. Envelhecer, fazer aniversário, casar, ter filhos, envelhecer... Morrer.  Mas aquele homem me transformou em um monstro. Um monstro que bebe sangue. Minha alma vagava entre luz e sombra.
 E a luz se tornou atraente para mim. Sitael. Tinha se tornado tão importante para mim.
 Não, não posso. Balancei a cabeça, na tentativa de negar. Mas eu sabia que era idiotice evitar. Eu havia me apaixonado por Sitael e definitivamente, está seria a pior mancada da minha vida. Mas eu não ia mentir para mim, aceitei o amor que sinto por ele, mas resolvi mantê-lo em segredo, por mais que eu sofra, será melhor.
 Fui até a estante e peguei um livro, sem sequer ver o título. Abri e lá estava escrito:
Perguntei…
Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele disse-me esta verdade…
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.
 William Shakespeare.
  Respirei fundo, e dei um soco na minha cama. Mas que merda... Eu tentando esquecer o meu amor, e o livro vem me lembrar. Depois dessa, eu queria ser humana e me matar.
 Minha situação estava uma droga...
                                                 ***
 Depois de eu e Zarah, termos virado a noite para mapear a sede do Elísio dos Assamitas, para poder roubar a espada dos Deuses não mortos.  Acordamos Sitael que estava debruçado na mesa, dormindo.
_Quem vai pegar a espada? – Disse Zarah.
 Os dois se voltaram para mim.
_Esqueçam. – Neguei fazendo gestos com a mão. – Sem chances! A Camarilla, a esta altura, deve estar querendo minha cabeça.
_Você tem a Vicissitude. – Disse ela. – Isso iria ajudar, e muito. A maioria ia se derreter...
 A fuzilei com o olhar e captei o pensamento mais obseno da mente de Zarah. “Vai... Você ainda é virgem, experimenta” – Pensou ela com um sorriso malicioso no rosto. Sitael me olhou com uma cara... Eu entendi. Trasar estava fora de cogitação, mas matar ia ser bem divertido.
_Então... – Disse ela, ainda sorrindo.
_Trasar está fora de cogitação. – Ela fechou a cara. – Mas... Matar seria divertido.
 Sitael baixou a cabeça, e suspirou aliviado. Ele achou mesmo que eu toparia?! Nem morta... Hunft!
 Enquanto a noite caia, o sono me levava junto. Em seu macio véu, com seus magníficos encantos. Junto com o doce sonho, que o embalava.
 Muito cansada, subi para o meu quarto. Dormi e sonhei com o dia do meu nascimento humano. Vieram-me várias informações na cabeça...
_Victória – Canadá... – Dizia uma voz em meu sonho. – Butchart garden. Flores. Casa. Adônis. Asas. Anjo. Graça. Nefilim. Zarah. Lilith.
 Despertei com um grito. E comecei a me debater na cama.
 Algumas crianças entraram correndo no meu quarto para ver o que era, e Sitael foi encontrando brechas para descobrir o que estava a se passar. Correu até mim e ficou do meu lado.
_Foi um pesadelo, só isso gente. – Disse a eles. – Desculpe.
 Dei um beijo e um abraço em cada um deles e voltei para cama. Sitael anciosamente esperava que eu dissesse algo. Não era necessário ler mentes, apenas saber interpretar sentimentos. Mas só a expreção dele, já me dizia.
 Ele estendeu os braços, e meu joguei contra seu corpo, o enlaçando em um abraço. Senti o cheiro de Sitael, era tão atrativo. Irresístivel. Se isso acontecesse em meus primeiros passos certos para as trevas, eu o teria matado. Mas agora, eu não precisava disso. Não mais.
_Calma. – Disse ele suavemente. – Diga-me o que houve.
_Um sonho... – Respondi colocando a mão no rosto. – Um sonho muito estranho. Real demais. Vivo demais.
_O que dizia? – Perguntou ele.
_Algo a ver, com todos. Como uma rede invisível. – Entrelassei meus dedos para simular a união. – Dizia nomes. Butchart garden...
 Epa... Graça, asas, Butchart garden, nefilim… As asas de Sitael, e de quebra a graça dele.
_Acho que sei onde podemos achar sua graça. – Respondi. – Assim, vai poder recuperar suas asas.
_Nossa... Ana... – Ele foi chegando muito perto. – Não sei como agradecer...
“Resista! Você é forte. Você consegue.” – Pensei.
 Afastei-me.
_Hora de dormir, que amanhã temos aula! – Disse eu.  –Boa...
 Mas ele já tinha ido. Sussurrei boa noite para ele, mesmo sabendo que ele não ouviria, mas me sentia melhor assim. Comecei a cantar para mim mesma, a música “Salve Regina” e adormeci.

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